Marina Tsvetaeva (Rússia,
1894 – 1941).
Poetisa e tradutora.
O seu estilo é caracterizado
pela alternância duma sensibilidade romântica com o realismo inspirado na vida
quotidiana.
Poema do fim
Como a
pedra afia a faca,
Como
ele desliza a serragem ao varrer,
Assim,
a pele aveludada
De súbito, entre os dedos. úmida.
Oh
dupla coragem, sequidão -
Dos
homens, onde está você,
Se em minhas
mãos há lágrimas
E não chuva?
A água
é da fortuna
O que
mais poderia querer?
Se
teus olhos são diamantes
Que se vertem em minhas palmas,
Já não
perco
Nada.
Fim do fim.
Carícias,
abraços
- Eu
acariciava tua face.
Assim
somos, orgulhosos
E
polacas - Marina -,
Quando
chove em minhas mãos
Olhos de águia:
Você
chora? Meu amor,
Meu
tudo: me perdoe.
Pedras
de sal
Caem em minhas mãos.
Planto
de homem, veia,
Na
cabeça recostada.
Gritos.
Outra te devolverá
A vergonha que te fiz deixar.
Somos
dois peixes
Dos
meus - meu - seu - meu mar
Duas
conchas mortas
Lábio contra lábio.
Todas
as lágrimas.
sabor
Um
oráculo
- O
que acontecerá
quando
Despertares?
Marina Tsvetaeva
Imagem: pintura de Titian (Itália, entre 1488 e 1490 –
1576).
Tão lindo e perfeito quanto um maxilar que não serviu de molde ao artista que tentou esculpir sua face que era poesia.Nenhuma cicatriz chamada bela atriz.
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