Luísa
Todi (Setúbal, Portugal,
1753 – Lisboa, Portugal, 1833).
Luísa Todi foi uma das maiores artistas líricas do seu
tempo.(…)
Com dez anos de idade, ingressou no teatro
profissional por mão de seu pai. (…)
Da prestação de Luísa no teatro declamado, que se
cingiria à fase inicial do seu percurso artístico, há registo do seu desempenho
como “Faustina” em Tartufo (versão da comédia de Molière realizada por Manuel
de Sousa), provavelmente em 1768.
Pouco tempo depois, a cantora de Setúbal, com a sua
voz de “mezzosoprano”, seguiria a via operática. Na temporada de 1770-1771 do
Teatro do Bairro Alto, cantou em três “drammi giocosi per musica”, dois dos
quais musicados por Giuseppe Scolari. (…)
A última atuação de Luísa Todi em salas públicas do
território português ocorreria na cidade do Porto, em 1775. Antes disso, em
Junho de 1772, os frequentadores do Teatro do Corpo da Guarda puderam assistir
ao seu desempenho em Demoofonte, uma ópera do género sério a que melhor se
ajustavam as suas características vocais e a expressão do seu canto. (…)
A estreia pública no estrangeiro só viria a ocorrer em
Londres, no King’s Theatre (Haymarket), no mês de Novembro do mesmo ano de
1777. Aí atuou, até Junho de 1778, em seis “drammi giocosi per musica”. Após o
exórdio londrino, começou a dedicar-se ao género operático sério vindo
posteriormente a pôr termo aos desempenhos na ópera cómica.
Durante vinte e dois anos, a contar de 1777, a Todi
construiu uma brilhante carreira internacional, acumulando sucessos de público
e da crítica nas muitas cidades europeias de diferentes áreas
linguístico-culturais onde a sua voz se fez ouvir. (…)
A temporada veneziana (1790-1791) no Teatro di San
Samuele, que registou um tão memorável triunfo a ponto de ficar conhecida como
“anno Todi”, marcava o início da digressão italiana da cantora, que a levaria a
Pádua, Bérgamo (1791) e a Turim (1791-1792). (…)
No dia 12 de Janeiro de 1799, Luísa Todi terá atuado
pela última vez numa sala pública, na récita que rematava três temporadas
triunfais (de 1796 a 1799) no Teatro di San Carlo. Foi isto em Nápoles, uma das
mais importantes praças operáticas da Europa. (…)
Cerca de dez anos antes do falecimento, cegou por
completo, derradeira manifestação de uma grave doença ocular que se declarara
durante a temporada veneziana. (…)
Fonte: Instituto Camões (excertos)
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Luísa Todi morreu pobre e completamente esquecida do público.
Imagem: Luísa Todi – pintura de Elisabeth-Louise Vigée-Le Brun (Paris, França, 1755 – 1842)