Gastão
Cruz (Faro, Portugal,
1941).
Poeta, crítico literário, tradutor e encenador.
Traduziu,
entre outros, Jean Cocteau, Shakespeare, William Blake.
Foi um dos
fundadores do “Grupo de Teatro Hoje”, para o qual encenou várias peças.
Algumas das
suas obras: A Morte Percutiva, A Poesia
Portuguesa Hoje, As Pedra Negras, A Moeda do Tempo, Crateras, Fogo.
Palavras de Gastão Cruz:
“Não sou um
surrealista mas não posso ignorar a evolução da poesia anterior a mim. O sonho
é um tempo muito presente na minha poesia, incluindo o sonho acordado.”
O dorso sob a luz o ar os dedos
o dorso sob a luz o ar os dedos
a pele
intensa de suor e fogo
o mar a
primavera rompe o dorso
nocturno sob o fogo a lama o sol
O dorso sob
um beijo a
electricidade fria da noite
lábios
subindo a encontrar o corpo
suor e água pó montanhas altas
humedecendo
o dorso
o sentido da carne o frio
o rio aberto
o sentido da carne o frio
o rio aberto
vector
o dorso o olhar o fogo
o dorso todo humedecendo o beijo
o dorso o olhar o fogo
o dorso todo humedecendo o beijo
Gastão Cruz, in “Poemas Reunidos”
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