segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

GASTÃO CRUZ – O dorso sob a luz o ar os dedos







Gastão Cruz (Faro, Portugal, 1941).
Poeta, crítico literário, tradutor e encenador.
Traduziu, entre outros, Jean Cocteau, Shakespeare, William Blake.
Foi um dos fundadores do “Grupo de Teatro Hoje”, para o qual encenou várias peças.
Algumas das suas obras: A Morte Percutiva, A Poesia Portuguesa Hoje, As Pedra Negras, A Moeda do Tempo, Crateras, Fogo.


Palavras de Gastão Cruz:
“Não sou um surrealista mas não posso ignorar a evolução da poesia anterior a mim. O sonho é um tempo muito presente na minha poesia, incluindo o sonho acordado.”


O dorso sob a luz o ar os dedos

o dorso sob a luz o ar os dedos
a pele intensa de suor e fogo
o mar a primavera rompe o dorso
nocturno sob o fogo a lama o sol
O dorso sob
um beijo a electricidade  fria da noite
lábios subindo a encontrar o corpo
suor e água pó montanhas altas

humedecendo o dorso
o sentido da carne o frio
o rio aberto
vector
o dorso o
olhar o fogo
o dorso todo humedecendo o beijo


Gastão Cruz, in “Poemas Reunidos”



 





Sem comentários:

Enviar um comentário

MALMEQUER

MALMEQUER Português, ó malmequer Em que terra foste semeado? Português, ó malmequer Cada vez andas mais desfolhado Ma...