Águeda Sena (Lisboa, Portugal,1927).
Possivelmente nenhuma coreógrafa portuguesa do século XX terá
sido tão criativa como Águeda Sena. Esteve na génese de vários grupos privados,
com o seu marido Fernando Lima, com ele dançou e coreografou para o Teatro de
Revista e fez várias séries de programas de bailado no início da televisão em
Portugal.
Manteve um forte vínculo com o Ballet Gulbenkian, companhia a que
esteve ligada durante quase duas décadas, e também com o Teatro Experimental de
Cascais. A sua vida foi um turbilhão de paixões.
Privou de perto com figuras
ilustres das artes e das letras nacionais e internacionais que frequentavam a
casa de seu pai, o pedagogo Faria de Vasconcellos. Conheceu Pablo Picasso,
Edite Piaf, Ninette de Valois, Pablo Neruda, Frederick Ashton, Jean-Louis
Barrault e Jean Villar, entre outros.
Viveu em França e em Inglaterra, numa
altura de grandes dificuldades económicas e pessoais.
Foi a criadora mais
dançada na primeira fase do Ballet Gulbenkian e sem sombra de dúvida, a
coreógrafa portuguesa mais produtiva e admirada da sua época, num meio, então,
marcadamente masculino.
Até meados da década de 70 o seu trabalho foi,
temporada após temporada, apreciado tanto no Grande Auditório da Fundação
Calouste Gulbenkian (FCG), como em digressões do Ballet Gulbenkian no país e no
estrangeiro.
A sua peça de maior fôlego foi o grandioso evento multidisciplinar
intitulado “Namban Matsuri” apresentado na Expo’70 de Osaka, no Japão.
Conquistou vários prémios da Imprensa e das Câmaras de Cascais e de Oeiras e a
Medalha de Honra da Sociedade Portuguesa de Autores, em 2005.
Palavras de Águeda
Sena:
“Tenho a
certeza de que 99% dos académicos e professores de História da Dança no nosso
país nem imaginam que muito antes de Pina Bausch ter feito dança-teatro na
Alemanha já eu fazia um estilo semelhante e que é possível observar em dezenas
de programas gravados nos anos 60 pela RTP. Em Abril de
63 iniciei na televisão portuguesa uma forma inédita de dança, com a rubrica
‘Poesia e Movimento’, em que se deu relevância aos poemas de Fernando Pessoa e
dos seus heterónimos, bem como de alguns poetas ‘malditos’ em tempo de ditadura,
conjugando dança, música e declamação."
Fonte: Revista da Dança
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