A ELOQUÊNCIA DO SILÊNCIO
Um pai desejava a melhor formação mística para os seus filhos. Por
esta razão, enviou-os a um reputado mestre de metafísica para que os treinasse
espiritualmente. Passado um ano, os filhos regressaram ao lar paterno. O pai
perguntou a um dos filhos sobre o Absoluto e o filho falou demoradamente sobre
o tema, fazendo todo o tipo de ilustradas referências às Escrituras, textos
filosóficos e ensinamentos metafísicos. Depois, o pai perguntou sobre o
Absoluto ao outro filho, e este limitou-se a guardar silêncio. Então, o pai,
referindo a este último, disse:
- Filho, tu é que sabes realmente o que é o Absoluto.
Não há poder como o do silêncio. Buda
declarava: «Quando não tiveres nada de importante para dizer, guarda um nobre
silêncio», ou ainda: «Se não podes melhorar o que foi dito, observa o
silêncio.» As palavras não são as coisas nem os factos, e muito menos as
experiências. A palavra é um signo convencional, um artifício que muitas vezes
engana, limita e falsifica. Como assinalava Lao-Tsé: «Aquele que sabe, não
fala.» Querer dizer em palavras o que está para além do conhecimento conceptual
é impossível e absurdo. O silêncio é mais revelador do que todas as palavras do
mundo, e uma das maneiras mais fecundas de meditação é a do silêncio, ou
meditação de esvaziamento, para que brilhe a luz do Ser.
in “Os melhores contos espirituais do Oriente” – RAMIRO CALLE - escritor
e professor de yoga (Madrid, Espanha, 1943).
Imagem: pintura de NICHOLAS
ROERICH (São Petersburgo, Império Russo, 1874 – Índia, 1947).
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