terça-feira, 25 de abril de 2017

LUZIA MARIA MARTINS - Uma Mulher no Teatro e no Mundo





LUZIA MARIA MARTINS 
(Lisboa, Portugal, 1927 – 2000).

Dramaturga, encenadora e tradutora

Foi uma das primeiras mulheres portuguesas do teatro a singrar como encenadora e autora e a ter o seu mérito reconhecido a nível não só artístico, mas também intelectual e político.

Viveu parte da sua vida em Londres, onde estudou e contactou com um meio cultural muito diferente do que então se vivia em Portugal, o que a inspirou a fundar, juntamente com Helena Félix, o TEL – Teatro Estúdio de Lisboa, em 1964. 

Foi uma das figuras da resistência ao regime do Estado Novo e, através da sua força de vontade, proporcionou ao público português o contacto com autores e textos centrais da dramaturgia europeia – Strindberg, John Osborne, Edward Bond, Marguerite Duras – incluindo no seu repertório autores proibidos pela censura, como foi o caso de Sttau Monteiro e Maxwell Anderson.

Saiu do país em 1953 com destino a Londres, com pouco mais que 10 libras no bolso, passando aí a viver com a sua irmã.

Em Londres seguiu os impulsos quiméricos da juventude e, numa vontade de conhecer tudo, frequentou diversos cursos que lhe abriram as portas para as mais diferentes áreas: encenação de teatro e ballet, cinema, filosofia e luminotecnia. 

Foi também em Londres que contactou com as novas tendências do teatro, como o teatro narrativo e épico, e conheceu novos autores e encenadores.
Em Londres conheceu também Helena Félix, que aí frequentava um curso de teatro.

O projecto artístico de ambas era divulgar em Portugal novos autores, desenvolver um trabalho de actor com grande contenção de gestos e rigor na elocução, bem como apresentar um teatro mais vivo e empenhado na intervenção social.

Nos vários textos que escreveu para os programas dos seus espectáculos, confessou a sua “filiação” no teatro épico e mencionou Brecht, Piscator e Artaud como encenadores e teóricos de referência. As suas encenações foram também exercícios de modernidade, com a integração harmoniosa de outras artes, como o cinema, a dança e a rádio.
Pelo seu trabalho no TEL foi galardoada com vários prémios

No entanto, apesar dos prémios, Luzia Maria Martins queixava-se do afastamento do público e do seu desinteresse por um tipo de teatro menos comercial, por falta de uma cultura teatral na sociedade portuguesa. E apesar de – juntamente com Helena Félix – se manter fiel aos seus princípios, o desgaste de uma luta contra a constante falta de apoios financeiros, a dificuldade em manter um elenco estável ou em investir na divulgação promocional levou a que os seus espectáculos fossem perdendo algum vigor. 

Quando em 1991 o TEL encerrou definitivamente a sua actividade e Helena Félix morreu, Luzia Maria Martins decidiu abandonar o teatro, recusando não só vários trabalhos como encenadora, como deixando igualmente de assistir a espectáculos.




in “Instituto Camões” (excertos)






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