MIKHAIL
LÉRMONTOV
(Rússia,
1814 - 1841)
Poeta, escritor, dramaturgo, pintor
***
Durante os seus 13 anos de actividade criativa,
dos 26 que viveu, Lérmontov fez uma contribuição inestimável para a literatura
russa, como autor de uma lírica excepcional em múltiplos temas. O seu trabalho
criativo concluiu o desenvolvimento do poema romântico nacional e criou os
alicerces para o romance realista do século XIX.
Escreveu mais de 400 versos, três dezenas de
poemas, dois romances e sete dramas, enquanto activamente se ocupava de pintura
e compunha música para os seus próprios poemas. Na história da literatura
russa, Lérmontov ocupa o lugar de "génio místico" e
"profeta".
in “Universidade de Coimbra” (excertos)
***
Nuvens
Ó nuvens pelos
céus que eternamente andais!
Longo colar de pérolas na estepe azul,
exiladas como eu, correndo rumo ao sul,
longe do caro norte que, como eu, deixais!
Longo colar de pérolas na estepe azul,
exiladas como eu, correndo rumo ao sul,
longe do caro norte que, como eu, deixais!
Que vos impele
assim? Uma ordem de Destino?
Oculto mal secreto? Ou mal que se conhece?
Acaso carregais o crime que envilece?
Ou só de amigos vis o torpe desatino?
Oculto mal secreto? Ou mal que se conhece?
Acaso carregais o crime que envilece?
Ou só de amigos vis o torpe desatino?
Ali não: fugis
cansadas da maninha terra,
e estranhas a paixões e o sofrimento estranhas
eternas pervagais as frígidas entranhas.
E não sabeis, sem pátria, a dor que o exílio encerra.
e estranhas a paixões e o sofrimento estranhas
eternas pervagais as frígidas entranhas.
E não sabeis, sem pátria, a dor que o exílio encerra.
Tradução: Jorge de Sena
Imagem: retrato de Mikhail Lermontov : Philipp Osipovich
Budkin.
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