VICENTE ALEIXANDRE
(Sevilha, Espanha, 1898 - Madrid,
1984)
Poeta
***
Em
1949 é nomeado “Académico da Língua” e desde daí converteu-se em professor e protector
dos jovens poetas espanhóis, que o visitam com frequência na sua casa de Madrid,
onde organiza tertúlias literárias.
A sua
obra caracteriza-se pelo uso de metáforas e é reconhecido como o principal poeta
surrealista espanhol.
Em
1977 recebe o “Prémio Nobel de Literatura”. Este prémio reconhece universalmente
a sua obra e, de certo modo, toda a Geração de 27.
in “Instituto Cervantes” (excerto/adaptação)
***
Chove
Nesta tarde chove, e chove pura
a tua imagem. E o dia abre-se na minha memória.
Entraste.
Não oiço. A memória dá-me apenas a tua imagem.
Só o teu beijo ou chuva cai na memória.
A tua voz chove, e chove o beijo triste,
o beijo fundo,
beijo molhado em chuva. O lábio é húmido.
Húmido de memória o beijo chora
de uns céus cinzentos
delicados.
Chove o teu amor molhando a minha memória
e cai e cai. O beijo
ao fundo cai. E cinzenta também
vai caindo a chuva.
a tua imagem. E o dia abre-se na minha memória.
Entraste.
Não oiço. A memória dá-me apenas a tua imagem.
Só o teu beijo ou chuva cai na memória.
A tua voz chove, e chove o beijo triste,
o beijo fundo,
beijo molhado em chuva. O lábio é húmido.
Húmido de memória o beijo chora
de uns céus cinzentos
delicados.
Chove o teu amor molhando a minha memória
e cai e cai. O beijo
ao fundo cai. E cinzenta também
vai caindo a chuva.
Tradução: Armando Silva Carvalho
Gostei muito
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