quarta-feira, 26 de setembro de 2018

VICENTE ALEIXANDRE - Chove



VICENTE ALEIXANDRE
(Sevilha, Espanha, 1898 - Madrid, 1984)
Poeta

***

Em 1949 é nomeado “Académico da Língua” e desde daí converteu-se em professor e protector dos jovens poetas espanhóis, que o visitam com frequência na sua casa de Madrid, onde organiza tertúlias literárias.

A sua obra caracteriza-se pelo uso de metáforas e é reconhecido como o principal poeta surrealista espanhol.

Em 1977 recebe o “Prémio Nobel de Literatura”. Este prémio reconhece universalmente a sua obra e, de certo modo, toda a Geração de 27.


in “Instituto Cervantes” (excerto/adaptação)


***
 Chove

Nesta tarde chove, e chove pura
a tua imagem. E o dia abre-se na minha memória.
Entraste.
Não oiço. A memória dá-me apenas a tua imagem.
Só o teu beijo ou chuva cai na memória.
A tua voz chove, e chove o beijo triste,
o beijo fundo,
beijo molhado em chuva. O lábio é húmido.
Húmido de memória o beijo chora
de uns céus cinzentos
delicados.
Chove o teu amor molhando a minha memória
e cai e cai. O beijo
ao fundo cai. E cinzenta também
vai caindo a chuva.


Tradução: Armando Silva Carvalho





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