SEBASTIÃO ALBA
(Braga, Portugal, 1940 –
2000)
Poeta
***
Com apenas oito anos parte para Moçambique, onde vive durante os
próximos 35 anos. É aí que publica os seus primeiros poemas e livros. Em 1983 desiludido com a situação política de
Moçambique, regressa com a sua mulher e as duas filhas, a Portugal, Braga, sua
terra natal.
Em 1988, depois de uma breve estadia em Lisboa, volta a Braga.
Separa-se da sua mulher. Fuma muito e bebe cada vez mais. Depois de várias
tentativas de desintoxicação, passa a viver à margem: Torna-se num sem abrigo
(por opção), deambulando pelas ruas e dormindo por onde calha, num banco de
jardim, no alpendre de uma igreja etc. No entanto nunca deixa de escrever e o
forte alcoolismo não o impede mesmo de ir preparando e publicando (com a ajuda
de amigos) os seus poemas.
A 15 de Outubro de 2000, de manhã muito cedo,
Sebastião Alba é atropelado mortalmente por uma motorizada.
in“Universidade do Minho”
***
NINGUÉM MEU AMOR
Ninguém meu amor
ninguém como nós conhece o sol
Podem utilizá-lo nos espelhos
apagar com ele
os barcos de papel dos nossos lagos
podem obrigá-lo a parar
à entrada das casas mais baixas
podem ainda fazer
com que a noite gravite
hoje do mesmo lado
Mas ninguém meu amor
ninguém como nós conhece o sol
Até que o sol degole
o horizonte em que um a um
nos deitam
vendando-nos os olhos.
ninguém como nós conhece o sol
Podem utilizá-lo nos espelhos
apagar com ele
os barcos de papel dos nossos lagos
podem obrigá-lo a parar
à entrada das casas mais baixas
podem ainda fazer
com que a noite gravite
hoje do mesmo lado
Mas ninguém meu amor
ninguém como nós conhece o sol
Até que o sol degole
o horizonte em que um a um
nos deitam
vendando-nos os olhos.
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