domingo, 30 de setembro de 2018

NO DIA EM QUE O SOL, A LUA E O VENTO SAÍRAM PARA JANTAR



NO DIA EM QUE O SOL, A LUA E O VENTO SAÍRAM PARA JANTAR


Certo dia, o Sol, a Lua e o Vento saíram para jantar com seus tios, o Trovão e o Relâmpago. Sua mãe Estrela, uma das mais longínquas que se vê no céu, ficou esperando sozinha pelo retorno de suas crianças.

O Sol e o Vento eram gananciosos e egoístas. Eles desfrutavam da grande festa preparada para eles, sem pensar em levar um pouco das finas iguarias para sua mãe. Mas a delicada Lua não a esqueceu. De cada prato servido no banquete, ela guardava uma pequena porção sob suas longas e lindas unhas para que a Estrela pudesse também partilhar da festa.

Quando retornaram, a mãe, que tinha ficado toda a noite em vigília pelos filhos, com seu pequeno e brilhante olho atento, perguntou: “Bem, meus filhos, o que trouxeram para mim?”. Sol, o primogénito, respondeu: “Não trouxe nada. Saí para me divertir com meus amigos, e não para buscar um jantar para minha mãe!”. E o Vento disse: “Tampouco eu trouxe qualquer coisa, mãe. Não podia esperar que te trouxesse uma porção de coisas boas, quando apenas saí para meu próprio prazer”. Mas a Lua disse: “Mãe, busca um prato, veja o que te trouxe”. E, sacudindo as mãos, despejou um selecto jantar como nunca tinha sido visto.

A Estrela virou-se para o Sol, e disse: “Você, que saiu para divertir-se com teus amigos, regalar-se e deleitar-se sem um único pensamento para tua mãe, será amaldiçoado. A partir de agora, teus raios serão sempre quentes e ardentes, e queimarão tudo o que tocarem. Os homens te detestarão, e cobrirão suas cabeças quando você aparecer”.

Eis a razão por que o Sol é tão quente.

Tendo falado ao Sol, voltou-se para o Vento, e disse: “Você, que igualmente esqueceu de tua mãe em meio a teus deleites pessoais, oiça tua sentença: Você soprará sempre nas estações quentes e secas, crestará e fará secar todas as coisas vivas. Os homens te detestarão e te evitarão por todo o tempo”.

Eis a razão porque o Vento é desagradável mesmo no calor”.

Mas para a Lua ela disse: “Filha, porque você lembrou de tua mãe e guardou para ela uma parte de teu próprio prazer, de hoje em diante terá para sempre uma suave temperatura, será calma e brilhante. Nenhuma nocividade acompanhará o resplendor de teus raios puros, e os homens sempre te chamarão a abençoada”.

Eis a razão porque a luz da Lua é tão suave, amena e bela.




in” Contos de fadas indianos” – selecção de Joseph Yacobs
Imagem: pintura de Caspar David Friedrich



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