TEIXEIRA
DE PASCOAES
(Amarante, Portugal, 1877 - 1952)
Poeta,
escritor
***
Estreou-se com a colectânea de versos Embriões, 1895. Em 1910, com Leonardo Coimbra
e Jaime Cortesão, entre outros, fundou a revista Águia que lançou o movimento cultural da Renascença Portuguesa. Foi
o mentor do saudosismo, por ele erguido a traço definidor da alma nacional. Pelo
vulcanismo intermitente do seu lirismo cósmico e pela profundidade das suas intuições
angustiantes, servidas por uma inesgotável imaginação, é um dos vultos mais significativos
de toda a literatura portuguesa.
in “Portugal Século XX”
***
Tristeza
O sol do Outono, as folhas a cair,
A minha voz baixinho soluçando,
Os meus olhos, em lágrimas, beijando
A mística paisagem a sorrir…
Assim a minha vida transitando
Vai, à tona da terra… E fico a ouvir
Silêncios do outro mundo e o ressurgir
De mortos que me foram sepultando…
E fico mudo, estático, parado
E quase sem sentidos, mergulhado
Na minha viva e funda intimidade…
A mais longínqua estrela em mim actua…
Inunda-me de mágoa a luz da lua,
E sou eu mesmo o corpo da saudade.
De grande beleza este soneto de Teixeira de Pascoaes. Os três últimos versos são lindíssimos.
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