PAUL VERLAINE
(Metz, França, 1844 – Paris, 1896)
Poeta
***
Poemas
Saturninos, (1866) foi a sua primeira colectânea publicada.
Com Mallarmé e Baudelaire, compôs o grupo dos
chamados poetas decadentes.
Apesar da celebridade e do respeito das novas gerações
que o consagraram como o "Príncipe dos Poetas", Paul Verlaine viveu
miseravelmente de hospital em hospital e de café em café até à sua morte.
in “Templo Cultural Delfos” (excertos)
***
INTERNADAS
Quinze
anos uma, a outra uns dezasseis,
Num
só quarto dormiam, lado a lado.
Era
em Setembro, à noite, o ar pesado.
Cor
de morango, olhos azuis tão frágeis!
Despem,
como quem livre se deseja,
A
veste fina, d’ambar perfumada.
Ergue
a mais nova os braços, arqueada,
Enquanto,
mãos nos seios, a irmã a beija.
De
joelhos já cai, e assim treslouca,
Cola
o rosto ao ventre e sequiosa boca
Afunda
no que é sombra e incandescência;
E
a menina recenseia o que sente
P’los
débeis dedos, um valsar fremente,
E rosada sorri com
inocência.
Tradução: Luiza Neto Jorge (1939-1989), poetisa.
Imagem: retrato de Paul Verlaine por Gustave Bonnet
Sem comentários:
Enviar um comentário