AFONSO DUARTE
(Ereira, Portugal, 1884 — Coimbra, 1958)
Poeta
***
A sua inspiração, embora
estranhamente tradicionalista, desenvolve-se em função de uma permanente
preocupação de novidade, traduzida sobretudo numa simplificação de riqueza
imagística, numa busca de interioridade e num aprofundamento de estar perante o
mundo envolvente.
in “Portugal Século XX”
***
RECORDAÇÃO
Eu
bem sei
Que
rodo em muitas esferas
E
não sei
Por
onde me levas, poesia.
Quando
vou,
E
não encontro ninguém,
Tenho
medo do que sei:
Um
filho de sua mãe
E
seu pai,
Ou
algum longínquo avó,
A
quem um poeta sai.
Será
também o Deus da infância
E
a árvore sagrada
De
frutos proibidos,
Na
fragrância
Com
que rasguei meus vestidos
E
não retirei os ninhos...
Enchi
de rosas a terra
E levo nas mãos espinhos.
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