BEATRIZ COSTA
(Charneca do Milharado, Portugal, 1907
- Lisboa, 1996)
Actriz
de teatro e cinema
***
Perto
do Teatro da Trindade, em Lisboa, fica o célebre café A Brasileira do Chiado.
Nessa
altura, uma senhora não frequentava lugares em que os homens permanecessem…
***
(continuação)
A BRASILEIRA
DOS ANOS 30!
António
Botto, poeta maiúsculo da língua portuguesa, que acabou no Brasil duma forma
triste, aparecia n´A Brasileira, para desespero de Mário Sáa. Mário era um
homem rico, mas coçava-se para dentro. Mais baixo do que eu e sempre de chapéu
de coco, parecia um boneco. Um dia em que eu tomava café na sua mesa apareceu o
Botto. Mário, bem educado, convidou-o a sentar-se e pagou-lhe o capilé, uma
espécie de vinagre doce e muito barato… À noite, no meu camarim, recebi a
visita do grande poeta das Canções.
«Venho agradecer-lhe o capilé de cinco tostões que o Mário Sáa me pagou…», e
riu às gargalhadas.
Nessa
época, Mário ainda era solteiro e fez
tudo para me pegar. Desapareceu do Chiado e viveu em Avis, no Alentejo.
Apagou-se e foi pena. Porque era um homem de grande inteligência, e há tão
pouco disso no mercado… Casou e parece que teve prole numerosa.
Do
Botto não vale a pena contar a história. É triste, como o fim de todos os
poetas. Mas aqueles meses sem sepultura talvez tivessem sido um exagero…Que
época!
(continua)
(continua)
in
“Sem Papas na Língua” – Memórias - 1974
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