quinta-feira, 4 de abril de 2019

JERÓNIMO BAIA - A uma trança de cabelos negros


JERÓNIMO BAIA
(Coimbra, Portugal, 1620/30 – Viana do Castelo, 1688)
Poeta

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É considerado um dos grandes autores da literatura barroca em Portugal. A sua obra encontra-se reunida nos Cancioneiros "Fénix Renascida" e "Postilhão de Apolo".

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 A UMA TRANÇA DE CABELOS NEGROS

Diversa em cor, igual em bizarria
Sois, bela trança, ao lustre de Sofala,
Luto por negra, por vistosa gala,
Nas cores noite, na beleza dia.

Negra, porém de amor na monarquia
Reinais senhora, não servis vassala;
Sombra, mas toda a luz não vos iguala;
Tristeza, mas venceis toda a alegria.

Tudo sois, mas eu tenho resoluto
Que sois só na aparência enganadora
Negra, noite, tristeza, sombra, luto.

Porém na essência, ó doce matadora,
Quem não dirá que sois, e não diz muito,
Dia, gala, alegria, luz, senhora?

  


Imagem: escultura – Parque dos Poetas – Oeiras - Portugal






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