ANTÓNIO ALÇADA BAPTISTA
(Covilhã, Portugal, 1927 - Lisboa, 2008)
Escritor
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A sua
produção literária divide-se entre o ensaio e a crónica, o memorialismo e a ficção.
Manteve na sua obra um esforço torturado mas sereno de transformação do homem e
da sociedade, por imperativo interior de uma forte vinculação à transcendência.
in “Portugal Século XX”
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O
RISO DE DEUS
- Meu amor, isto parece absurdo mas é mesmo assim:
quanto mais as pessoas são ricas por dentro, mais sentem a necessidade de
reivindicar uma vida que esteja de acordo com aquilo que sentem, maior é a sua
incomodidade e a sua insatisfação.
A vida para estas pessoas é mais difícil e mais
dolorosa embora tenha depois grandes compensações. As respostas que queremos
não estão naquilo que os outros vivem e cada vez se encontram menos
interlocutores para a nossa inquietação.
Mas não te aflijas: os valores que nos deram não nos
satisfazem e andamos à procura daquilo que os poderá substituir. Não creio que
seja possível fazer grandes mudanças sem sofrimento por isso temos é que
procurar resistir com a serenidade que pudermos.
in "O Riso de Deus" (excerto)
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