segunda-feira, 29 de setembro de 2014

A Melhor Parte da Nossa Memória está Fora de Nós

 
 
 
 
 
 
 
 

         A Melhor Parte da Nossa Memória está Fora de Nós

 

As recordações em amor não constituem uma excepção às leis gerais da memória, também ela regida pelas leis do hábito. Como esta enfraquece tudo, o que mais nos faz lembrar uma pessoa é justamente aquilo que havíamos esquecido por ser insignificante e a que assim devolvemos toda a sua força.

A melhor parte da nossa memória está deste modo fora de nós. Está num ar de chuva, num cheiro a quarto fechado ou no de um primeiro fogaréu, seja onde for que de nós mesmos encontemos aquilo que a nossa inteligência pusera de parte, a última reserva do passado, a melhor, aquela que, quando se esgotam todas as outras, sabe ainda fazer-nos chorar.

 

Marcel Proust (França, 1871-1922), in “A Fugitiva”

Imagem: pintura de Salvador Dali

 

 

2 comentários:

  1. Muito interessante. Refleti e viagei em algumas lembranças de cheiro de chuva e terra molhada. Grata pelas sensações

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  2. Andréia da Cunha, obrigado pelo seu comentário. É um belo texto. Cumprimentos.

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