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Melhor Parte da Nossa Memória está Fora de Nós
As recordações em amor não
constituem uma excepção às leis gerais da memória, também ela regida pelas leis
do hábito. Como esta enfraquece tudo, o que mais nos faz lembrar uma pessoa é
justamente aquilo que havíamos esquecido por ser insignificante e a que assim
devolvemos toda a sua força.
A melhor parte da nossa
memória está deste modo fora de nós. Está num ar de chuva, num cheiro a quarto
fechado ou no de um primeiro fogaréu, seja onde for que de nós mesmos
encontemos aquilo que a nossa inteligência pusera de parte, a última reserva do
passado, a melhor, aquela que, quando se esgotam todas as outras, sabe ainda
fazer-nos chorar.
Marcel Proust (França, 1871-1922), in “A Fugitiva”
Imagem:
pintura de Salvador Dali
Muito interessante. Refleti e viagei em algumas lembranças de cheiro de chuva e terra molhada. Grata pelas sensações
ResponderEliminarAndréia da Cunha, obrigado pelo seu comentário. É um belo texto. Cumprimentos.
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