quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Poética Contraditória

 
 




      
     Poética Contraditória



Não digas o que sabes nos teus versos,
Deixa para trás a ciência e a consciência;
Tudo aquilo que em ti não for ausência
São ideais perdidos, ou submersos.



Abandona-te às vozes que não ouves,
E liberta os teus deuses nos teus dedos; Não busques os sorrisos, mas os medos,
E o que não for ignoto e só, não louves.

Ser misterioso e triste, é ser poeta:
Mesmo a luz que palpita nos teus cantos. É uma imagem heroica dos teus prantos.
Percorre o teu caminho até ao fundo,
E com os versos que achaste, aumenta o mundo.
Não sejas um escritor, mas um profeta.




António Quadros (Lisboa, Portugal, 1923-1993), in "Viagem Desconhecida".

Imagem: pintura de António Quadros (Viseu, Portugal, 1933- 1994).

 
 
    
























 
 
 
 
 





















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