terça-feira, 23 de setembro de 2014

Quando eu nasci

 
 
 
 
 

Quando eu nasci

 

Quando eu nasci,
ficou tudo como estava,
Nem homens cortaram veias,
nem o Sol escureceu,
nem houve Estrelas a mais...
Somente,
esquecida das dores,
a minha Mãe sorriu e agradeceu.

Quando eu nasci,
não houve nada de novo
senão eu.

As nuvens não se espantaram,
não enlouqueceu ninguém...

P'ra que o dia fosse enorme,
bastava
toda a ternura que olhava
nos olhos de minha Mãe...

 

Sebastião da Gama (Vila Nogueira de Azeitão, Portugal, 1924 – Lisboa, Portugal, 1952).

 

 

 

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