Meditação
à Beira de um Poema
Podei a roseira no momento certo
e viajei muitos dias, aprendendo de vez
que se deve esperar biblicamente pela hora das coisas.
Quando abri a janela, vi-a,
como nunca a vira
constelada,
os botões,
alguns já com rosa- pálido
espiando entre as sépalas,
jóias vivas em pencas.
Minha dor nas costas,
meu desaponto com os limites do tempo,
o grande esforço para que me entendam
pulverizam-se
diante do recorrente milagre.
Maravilhosas faziam-se
as cíclicas perecíveis rosas.
Ninguém me demoverá
do que de repente soube
à margem dos edifícios da razão:
a misericórdia está intacta,
vagalhões de cobiça,
punhos fechados,
altissonantes iras,
nada impede ouro de corolas
e acreditai: perfumes.
Só porque é Setembro.
Adélia Prado (Divinópolis, Minas Gerais, Brasil, 1935).
e viajei muitos dias, aprendendo de vez
que se deve esperar biblicamente pela hora das coisas.
Quando abri a janela, vi-a,
como nunca a vira
constelada,
os botões,
alguns já com rosa- pálido
espiando entre as sépalas,
jóias vivas em pencas.
Minha dor nas costas,
meu desaponto com os limites do tempo,
o grande esforço para que me entendam
pulverizam-se
diante do recorrente milagre.
Maravilhosas faziam-se
as cíclicas perecíveis rosas.
Ninguém me demoverá
do que de repente soube
à margem dos edifícios da razão:
a misericórdia está intacta,
vagalhões de cobiça,
punhos fechados,
altissonantes iras,
nada impede ouro de corolas
e acreditai: perfumes.
Só porque é Setembro.
Adélia Prado (Divinópolis, Minas Gerais, Brasil, 1935).
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