quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Casimiro de Abreu

 
 
 
 
 

Casimiro de Abreu (1837-1860) nasceu na Barra de São João, Estado do Rio de Janeiro.

Poeta da segunda geração do romantismo, viveu em Portugal durante quatro anos, onde escreveu grande parte dos seus versos.

Utilizando uma linguagem simples, os seus poemas revelam a nostalgia da pátria, as saudades da vida familiar e os primeiros casos amorosos da adolescência.

Em 1959, publicou o seu único livro de poesia intitulado Primaveras, no qual estava incluído um dos poemas mais populares da literatura brasileira:“Meus Oito Anos”.

Escreveu a peça teatral “Camões e o Jau”, representada em Lisboa.

Casimiro de Abreu é patrono da cadeira nº6 da Academia Brasileira de Letras.

 

 
Palavras de Casimiro de Abreu:
“A primavera é a estação dos risos”




     Meus Oito Anos

 
Oh! Que saudades que eu tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!

Como são belos os dias
Do despontar da existência!
- Respira a alma inocência
Como perfumes a flor;
O mar é – lago sereno,
O céu – um manto azulado,
O mundo – um sonho dourado,
A vida – um hino d’amor!

Que auroras, que sol, que vida,
Que noites de melodia
Naquela doce alegria,
Naquele ingênuo folgar!
O céu bordado d’estrelas,
A terra de aromas cheia,
As ondas beijando a areia
E a lua beijando o mar!

Oh! Dias de minha infância!
Oh! Meu céu de primavera!
Que doce a vida não era
Nessa risonha manhã!
Em vez de mágoas de agora,
Eu tinha nessas delícias
De minha mãe as carícias
E beijos de minha irmã!

Livre filho das montanhas,
Eu ia bem satisfeito,
De camisa aberta ao peito,
- Pés descalços, braços nus -
Correndo pelas campinas
À roda das cachoeiras,
Atrás das asas ligeiras
Das borboletas azuis!

Naqueles tempos ditosos
Ia colher as pitangas,
Trepava a tirar as mangas,
Brincava à beira do mar;
Rezava às Ave-Marias,
Achava o céu sempre lindo,
Adormecia sorrindo,
E despertava a cantar!

Oh! Que saudades que eu tenho
Da aurora da minha vida
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
- Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!

 

Casimiro de Abreu, in “As Primaveras”.

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