segunda-feira, 7 de setembro de 2015

RUBEN A. - Vivemos para os momentos Futuros, e não o Presente

 
 
 
 
 

Ruben A. (Lisboa, Portugal, 1920 – Londres, Reino Unido, 1975).

Professor, romancista, dramaturgo e historiador foi autor de diversas narrativas de cunho memorialista.

 
Palavras de Ruben A.:
“Amor é a possibilidade de duas pessoas não se aborrecerem uma à outra.”

 

Vivemos para os momentos Futuros, e não o Presente

 

A ânsia de matar tempo, de liquidar o espaço de dias entre um acontecimento e o que lhe sucede, transmite, tanto em casos de amor como em outros, fins importantes, um estado de alma que se preocupa exclusivamente em atingir esse alvo previamente estabelecido.
Não se pensa em mais nada. Semelhante à situação criada quando se sabe de antemão que se vai encontrar determinada pessoa que nos interessa muito.
Fica-se incapaz de articular palavra, de estreitar vínculo com quem quer que seja que se nos atravesse no caminho. Está-se a viver em outrem, num estado fora da relação humana do dia-a-dia.
Nem sequer ouvimos os sons, arrepiamos a pele ao tomar conhecimento consciente de notícias que já sabíamos de antemão pertencerem ao domínio público.
Esta é também a ânsia do suicida que nada mais faz entre a decisão de cometer o homicídio e a prática do acto extremo.

 

 
Ruben A., in "O Mundo À Minha Procura I"

Imagem: pintura de Almada Negreiros (São Tomé e Príncipe, 1893 – Lisboa, Portugal, 1970).

 

 

 
 

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