segunda-feira, 14 de setembro de 2015

ANTÓNIO FEIJÓ – Pálida e Loira

 
 
 
 

António Feijó (Ponte de Lima, Portugal, 1859 – Estocolmo, Suécia, 1917).
Foi poeta do movimento literário denominado Parnasianismo.
Desempenhou cargos diplomáticos no Brasil, na Suécia, na Noruega e na Dinamarca.

 

 
Palavras de António Feijó:

"O coração nunca envelhece. Basta um sorriso, um nada, um alvoroço, e tudo se ilumina e aquece."

 
 
                   Pálida e Loira



Morreu. Deitada num caixão estreito,
pálida e loira, muito loira e fria,
o seu lábio tristíssimo sorria
como num sonho virginal desfeito.

 

Lírio que murcha ao despontar do dia,
foi descansar no derradeiro leito,
as mãos de neve erguidas, sobre o peito,
pálida e loira, muito loira e fria.

 

Tinha a cor da raínha das baladas
e das monjas antigas maceradas
no pequenino esquife em que dormia.

 

Levou-a a morte em sua garra adunca,
e eu nunca mais pude esquecê-la, nunca!
pálida e loira, muito loira e fria.

 

António Feijó, in “Líricas Bucólicas”
Imagem: pintura de Paula Rego (Lisboa, Portugal, 1935).

 

 

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