Eduardo Galeano (Montevideu,
Uruguai, 1940 - 2015).
Foi escritor, ensaísta, poeta, historiador e jornalista.
As
Veias Abertas da América Latina é um dos seus livros mais importantes.
Nele narra a brutal exploração que atingiu os países latino-americanos, provocando
a extinção de vários povos e a chacina de inúmeros habitantes.
Palavras
de Eduardo Galeano:
O Medo Global
Os que trabalham têm medo de perder o trabalho, os que não trabalham têm medo
de nunca encontrar o trabalho.
Quem não tem medo da fome tem medo da comida.
Os automobilistas têm medo de caminhar e os pedestres têm medo de ser atropelados.
A democracia tem medo de recordar e a linguagem tem medo de dizer.
Os civis têm medo dos militares e os militares têm medo da falta de armas.
As armas têm medo da falta de guerras.
Medo da mulher à violência do homem, medo do homem das mulheres sem medo.
Medo dos ladrões, medo da polícia.
Medo da porta sem fechadura, do tempo sem relógio, das crianças sem televisão.
Medo da noite sem comprimidos para dormir, medo de dia sem comprimidos para acordar.
Medo da multidão, medo da solidão.
Medo do que foi e do que pode ser.
Medo de morrer, medo de viver.
Quem não tem medo da fome tem medo da comida.
Os automobilistas têm medo de caminhar e os pedestres têm medo de ser atropelados.
A democracia tem medo de recordar e a linguagem tem medo de dizer.
Os civis têm medo dos militares e os militares têm medo da falta de armas.
As armas têm medo da falta de guerras.
Medo da mulher à violência do homem, medo do homem das mulheres sem medo.
Medo dos ladrões, medo da polícia.
Medo da porta sem fechadura, do tempo sem relógio, das crianças sem televisão.
Medo da noite sem comprimidos para dormir, medo de dia sem comprimidos para acordar.
Medo da multidão, medo da solidão.
Medo do que foi e do que pode ser.
Medo de morrer, medo de viver.
Eduardo Galeano
Imagem: pintura de Édouard Manet (Paris, França,1832
– 1883)
Sem comentários:
Enviar um comentário