Maria
Archer (Lisboa, Portugal,
1899-1982).
Foi escritora,
dramaturga, conferencista, tradutora e jornalista.
Publicou, em Luanda, o seu
primeiro livro de parceria com Pinto Quartim Graça – Três Mulheres.
Além de Angola, viveu em Moçambique e na Guiné Bissau, o que lhe
possibilitou tratar com a sua experiência, o enorme problema das antigas
províncias ultramarinas portuguesas.
Viveu também no Brasil, onde publicou quatro livros: Fronteira da África, Brasil, África sem Luz e Terras onde se fala Português.
A sua obra está frequentemente ligada a problemas sociais e às questões
da condição feminina.
Regressou a Portugal em 1979.
Passou os seus três últimos anos de vida internada num asilo, em Lisboa,
sofrendo o isolamento e a injustiça da sociedade da época.
Palavras de Maria Archer:
“A
minha obra literária tem sido norteada pelo princípio vital de rebater o
conceito arcaico da inferioridade mental da mulher.”
Macau, uma cidade famosa no oriente (1960)
Macau, hoje em dia, é uma cidade famosa no Oriente, e
tão alegre, tão luxuosa, tão urbanizada, como as cidades portuguesas ou
brasileiras de primeira categoria.
As suas ruas e avenidas são largas, de bom pavimento
de asfalto ou cimento, perfeitamente sinalizadas e de circulação regulamentada.
Possui parques arrelvados, jardins floridos, e profusa arborização. É uma
cidade policroma, elegante e moderna, que se impõe ao primeiro olhar. Os
forasteiros gabam os hotéis de Macau, luxuosos, cômodos, e adaptados, uns à
vida européia, outros à vida chinesa.
Cabo submarino, que a liga, na profundidade dos mares,
a toda a Terra, estação de Rádio, com que comunica, pelos ares, com Portugal e
o mundo civilizado, rede de telefones automáticos, instalada um ano antes da de
Lisboa, ascensores nos edifícios, iluminação elétrica, indústrias movidas a
eletricidade, água canalizada, esgotos, serviços de autocarros, camionagem e
automóveis, estabelecimentos comerciais dignos de Paris, bancos, fábricas,
hospitais, asilos, escolas, tribunais, cinemas, clubes, edifícios magníficos,
uma intensa vida elegante, um forte movimento comercial — eis o expoente da
beleza, do conforto e da riqueza da Leal Cidade.
A população é enorme, comprimida na pequena área.
Orçava, antes da guerra, por uns
200 mil indivíduos, dos quais 4 mil portugueses, 500 de nacionalidades
diversas, e chineses os restantes. Agora tem uma enorme população de refugiados
chineses, grande parte vivendo em cima de barcos ancorados no porto interior.
Maria
Archer
Macau, uma cidade
famosa no oriente, in “Terras onde se fala Português”.
Imagem: Macau anos 60
Sem comentários:
Enviar um comentário