domingo, 15 de novembro de 2015

BASIL BUNTING - O que disse o Presidente a Tom

 
 
 
 
 
 

Basil Bunting (Northumberland, Inglaterra, 1900 – Hexham, Inglaterra, 1985).

Foi um dos grandes poetas modernistas da Grã- Bretanha.

Durante a Segunda Guerra Mundial, alistou-se na RAF e foi enviado para a Pérsia como tradutor. Permaneceu em Teerão até 1952.

Algumas das suas obras: Os entulhos, Primeiro Livro de Odes, Poemas Completos.

O poema autobiográfico, Briggflatts, escrito em 1965, é considerado uma das obras-primas do século XX.

 
Palavras de Basil Bunting:

“A poesia, como a música, é para ser ouvida.”

 
O que disse o Presidente a Tom

Poesia? É um passatempo.
Eu brinco com miniaturas.
Mr. Shaw cria pombos.
 
Não é um trabalho. Você não sua
a camisola. E não recebe por isso.
Você poderia anunciar sabão.


A ópera, isso é arte! Ou a opereta-
A Canção do Deserto.
Nancy estava no côro.


Mas pedir doze libras por semana-
casado, não é?
- você tem coragem.


Como poderia olhar a cara
de um cobrador de autocarro
se lhe pagasse doze libras?


De resto, quem diz que isso é poesia?
Meu filho de dez anos
pode fazer uma, e rimar.


Eu ganho três mil e as despesas,
carro, planos de reforma,
mas eu sou director financeiro.


Eles fazem o que eu mando,
na minha empresa.
E você, o que faz?


Palavrõezinhos, palavrões,
é doentio.
Lavo-me quando encontro um poeta.


Eles são Comunas, viciosos,
todos delinquentes.
O que você escreve é disparate.

Assim diz o senhor Hines, e ele é professor,
tem obrigação de saber.
Vá mas é arranjar trabalho.

 

Basil Bunting
Tradução: J.T.Parreira
Imagem: pintura de Harry P. Wilson

 

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