Fagundes Varela (São João Marcos, Brasil, 1841
– Niterói, Brasil, 1875).
É um dos nomes mais importantes do Romantismo brasileiro e Patrono da cadeira nº 11 da
Academia Brasileira de Letras.
Publicou o primeiro livro de poesia, Nocturnas, em 1861.
A sua poesia aborda temas sociais e políticos, assim como a
solidão, a angústia, a desilusão.
Palavras de Fagundes Varela:
“A mais tremenda das armas. Pior que a durindana.
Atendei, meus bons amigos: Se apelida: - a língua humana!”
A Flor do Maracujá
Pelas rosas, pelos lírios,
Pelas abelhas, sinhá,
Pelas notas mais chorosas
Do canto do sabiá,
Pelo cálice de angústias
Da flor do maracujá!
Pelo jasmim, pelo goivo,
Pelo agreste manacá,
Pelas gotas do sereno
Nas folhas de gravatá,
Pela coroa de espinhos
Da flor do
maracujá!
Pelas tranças da mãe-d'água
Que junto da fonte está,
Pelos colibris que brincam
Nas alvas plumas do ubá,
Pelos cravos desenhados
Na flor do
maracujá!
Pelas azuis borboletas
Que descem do Panamá,
Pelos tesouros ocultos
Nas minas do Sincorá,
Pelas chagas roxeadas
Da flor do
maracujá!
Pelo mar, pelo deserto,
Pelas montanhas, sinhá!
Pelas florestas imensas
Que falam de Jeová!
Pela lança ensanguentada
Da flor do
maracujá!
Por tudo o que o céu revela!
Por tudo o que a terra dá
Eu te juro que minh'alma
De tua alma escrava está!...
Guarda contigo esse emblema
Da flor do
maracujá!
Não se enojem teus ouvidos
De tantas rimas em - a -
Mas ouve meus juramentos,
Meus cantos ouve, sinhá!
Te peço pelos mistérios
Da flor do
maracujá!
Fagundes Varela, in “Cantos Meridionais”
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