segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

ALBERTO DE OLIVEIRA – O Mar agita-se, como um alucinado

 
 
 
 
 
 

Alberto de Oliveira (Porto, Portugal, 1873 - São Mamede de Infesta, Portugal, 1940).

Fez a sua estreia no mundo das letras com Poesias.
Quando o Simbolismo surgiu em França, prontamente aderiu a esse movimento literário de reacção contra o parnasianismo.

Com a publicação de Palavras Loucas e Cartas da Última Hora, o poeta transformou-se no primeiro doutrinário do tradicionalismo literário folclorista.  

 
 
Palavras de Alberto de Oliveira:

Nós queremos a indisciplina, a imagem desgrenhada, temos ódio à regra, desprezamos o contorno, queremos a mancha.”

 

           O Mar agita-se, como um alucinado

 
O Mar agita-se, como um alucinado:
            a sua espuma aflui, baba da sua Dor...
         Posto o escafandro, com um passo cadenciado,
         Desce ao fundo do Oceano, algum mergulhador.

 

Dá-lhe um aspecto estranho a campânula imensa:
          Lembra um bizarro Deus de algum pagode indiano:
      Na cólera do Mar, pesa a sua Indiferença
        Que o torna superior, e faz mesquinho o Oceano!

 

E em vão as ondas se enroscam à cabeça:
          Ele desce orgulhoso, impassível, sem pressa,
         Com suprema altivez, com ironias calmas:

 

Assim devemos nós, Poetas, no Mundo entrar,
       Sem nos deixarmos absorver por esse Mar
        — Pois a Arte é, para nós, o escafandro das Almas!

 

 

Alberto de Oliveira, in “Bíblia do Sonho”

 

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