Alberto de
Oliveira (Porto, Portugal, 1873 - São Mamede de Infesta,
Portugal, 1940).
Fez a sua estreia no mundo das letras
com Poesias.
Quando o Simbolismo surgiu em França,
prontamente aderiu a esse movimento literário de reacção contra o parnasianismo.
Com a publicação de Palavras
Loucas e Cartas da Última Hora, o poeta transformou-se no primeiro doutrinário
do tradicionalismo literário folclorista.
Palavras
de
Alberto de Oliveira:
“Nós queremos a indisciplina, a imagem
desgrenhada, temos ódio à regra, desprezamos o contorno, queremos a mancha.”
O Mar agita-se, como um alucinado
O Mar agita-se, como
um alucinado:
a sua espuma aflui,
baba da sua Dor...
Posto o escafandro,
com um passo cadenciado,
Desce ao fundo do
Oceano, algum mergulhador.
Dá-lhe um aspecto
estranho a campânula imensa:
Lembra um bizarro
Deus de algum pagode indiano:
Na cólera do Mar,
pesa a sua Indiferença
Que o torna superior,
e faz mesquinho o Oceano!
E em vão as ondas se
enroscam à cabeça:
Ele desce orgulhoso,
impassível, sem pressa,
Com suprema altivez,
com ironias calmas:
Assim devemos nós,
Poetas, no Mundo entrar,
Sem nos deixarmos
absorver por esse Mar
— Pois a Arte é, para
nós, o escafandro das Almas!
Alberto
de Oliveira, in “Bíblia do Sonho”
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