sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

JOSÉ AGOSTINHO BAPTISTA - Inverno

 
 
 
 
 

José Agostinho Baptista (Funchal, Ilha da Madeira, Portugal, 1948).

É poeta e tradutor.
A sua poesia é reconhecida como uma das mais originais da actualidade.

 
O poeta António Ramos Rosa escreveu:

«José Agostinho Baptista é um poeta para quem a terra, e particularmente a ilha da Madeira, donde é natural, é um contorno existencial inseparável da subjectividade. Porém, esta profunda imersão na terra liga-se à própria ausência e a uma indefinível nostalgia cujo vazio o poema tenta preencher pela livre imaginação afectiva. É esta tensão entre a adesão existencial e a distância ou separação que existe no seio dela que faz de cada poema um apaixonado lamento, dilacerante mas sempre deslumbrante

 

Algumas das suas obras: Esta Voz é Quase o Vento, Deste Lado Onde, Quatro Luas, Biografia, Paixão e Cinzas.

 

 
Palavras de José Agostinho Baptista:

“Se às vezes, se em certos casos, a poesia imita a vida e a vida imita a poesia, então talvez cada verso seja uma linha da cabeça, uma linha do coração, uma linha da vida.”

 
      Inverno

 
O medo está no inverno.

O medo

bate nos olhos com as suas ferramentas negras e

depois anuncia a morte.

No inverno

penso na terra, no silêncio da terra e dos astros e

das rosas,

no teu grande silêncio, pai.

No inverno

volto-me para baixo, para os alicerces

do mundo.

No inverno

dizes de muito longe que não voltarás aqui.

 

José Agostinho Baptista

 
 

Sem comentários:

Enviar um comentário

MALMEQUER

MALMEQUER Português, ó malmequer Em que terra foste semeado? Português, ó malmequer Cada vez andas mais desfolhado Ma...