António
Salvado (Castelo Branco, Portugal,
1936).
Além
de poeta, crítico, ensaísta, tradutor, director de publicações, tem partilhado
a sua vida com o ensino e a museologia.
Palavras de António Salvado:
“Para mim, escrever poesia constitui “itinerário”assíduo aberto à minha
capacidade criativa”.
Exilado
Exilado por vezes bato à porta
do meu desterro: uma total mudez
configura nas frinchas a resposta -
a fechadura sem rodar imóvel,
extática a madeira sem ranger.
Torno a bater e doem já os ossos
da mão direita mas ainda ilesos
até que um som ligeiro se descobre
naquela névoa do silêncio e corre
obedecendo a súplice desejo.
Entrei - aberta a porta - um rosto ameno
serenou-me nas
chagas desalentos.
Depois finalizada a luz do dia
fez rechinar a porta
e eu saí.
Depois finalizada a luz do dia
fez rechinar a porta
e eu saí.
António Salvado, in “A Plana Luz do Dia”
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