Judith
Teixeira (Viseu, Portugal,
1880 – Lisboa, Portugal, 1959).
Publicou três livros de poesia.
Os exemplares do seu livro Decadência foram apreendidos e mandados
queimar pelo Governo Civil de Lisboa.
Os livros Canções de António Botto e Sodoma Divinizada de Raul Leal tiveram, simultaneamente, o mesmo
destino.
Estas
confiscações foram efetuadas na sequência de campanhas contra «os artistas decadentes, os poetas de Sodoma,
os autores, editores e distribuidores de livros imorais.»
O Palhaço
Anda-se a rir, a rir dentro de mim,
Com as lívidas faces desbotadas
Um estranho palhaço de cetim,
Rasgando em dor meu peito às gargalhadas!
Sobe aos meus olhos sempre a rir assim -
Espreitando as figuras malsinadas
Que não se vestem nunca de arlequim,
Mas andam pela vida disfarçadas.
Na sombra dos meus cílios, emboscado,
Ri, no meu olhar frio e desolado,
Escondendo-se atónito e surpreso
E quando desce à triste moradia,
Vem mais louco e soberbo de ironia
Na irrisão dum sarcástico desprezo!
Com as lívidas faces desbotadas
Um estranho palhaço de cetim,
Rasgando em dor meu peito às gargalhadas!
Sobe aos meus olhos sempre a rir assim -
Espreitando as figuras malsinadas
Que não se vestem nunca de arlequim,
Mas andam pela vida disfarçadas.
Na sombra dos meus cílios, emboscado,
Ri, no meu olhar frio e desolado,
Escondendo-se atónito e surpreso
E quando desce à triste moradia,
Vem mais louco e soberbo de ironia
Na irrisão dum sarcástico desprezo!
Judith
Teixeira
Essa foto é da Gilka Machado, poetisa brasileira.
ResponderEliminarexacto!
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