Alfredo
Brochado (Amarante, Portugal,
1897 – Lisboa, Portugal, 1949).
Aquilino
Ribeiro chamou-lhe «o irmão franciscano de todos os escritores e artistas».
Escreveu apenas um livro, O Sangue dos Heróis.
Foi editado, postumamente, Bosque Sagrado, feito de versos recolhidos em diversos jornais. Este livro foi preparado por Teixeira de Pascoaes.
Escreveu apenas um livro, O Sangue dos Heróis.
Foi editado, postumamente, Bosque Sagrado, feito de versos recolhidos em diversos jornais. Este livro foi preparado por Teixeira de Pascoaes.
Misticismo
Há dias, ao passar
nas alamedas
Da minha terra, ao darem as trindades,
Pisando folhas, como velhas sedas,
Com os meus olhos cheios de saudades,
Há dias, quando eu fui nem sei por onde,
Entre lírios e tristes açucenas,
Às horas em que o sol de nós se esconde,
E repicam os sinos às novenas,
Há dias, quando eu fui na tarde exangue,
Ouvindo a minha voz interior,
Faziam recordar gotas de sangue
Os derradeiros raios do sol-pôr.
Bendita sejas, tarde harmoniosa,
Tarde da minha fé e do meu desejo,
Branda como uma pétala de rosa,
Ou como o aroma de um antigo beijo.
Da minha terra, ao darem as trindades,
Pisando folhas, como velhas sedas,
Com os meus olhos cheios de saudades,
Há dias, quando eu fui nem sei por onde,
Entre lírios e tristes açucenas,
Às horas em que o sol de nós se esconde,
E repicam os sinos às novenas,
Há dias, quando eu fui na tarde exangue,
Ouvindo a minha voz interior,
Faziam recordar gotas de sangue
Os derradeiros raios do sol-pôr.
Bendita sejas, tarde harmoniosa,
Tarde da minha fé e do meu desejo,
Branda como uma pétala de rosa,
Ou como o aroma de um antigo beijo.
Alfredo Brochado, in "Bosque Sagrado”
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