quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

ALBERTO DE SERPA – Espectáculo

 
 
 
 
 
 

Alberto de Serpa (Porto, Portugal, 1906 – 1992).

Poeta e prosador.
Foi colaborador da revista “Presença “e escreveu em várias revistas e jornais brasileiros.
 
 
                               Espectáculo

 
Passa a tropa na rua e abrem-se as janelas de repente,
Debruçam-se bustos sobre a rua sem importância.
O sol põe resplendores no ouro falso das bandeiras
E rebrilha nas baionetas erguidas para o céu.
Alarga-se no ar um hino de guerra e de heroísmo,
E a marcha certa dos soldados hirtos e compenetrados
de que são outros homens

Faz, a seu compasso resoluto, bater
O coração dos habitantes da rua sossegada ...

Os meninos vêem finalmente marchar os seus soldados de chumbo

As moças sonham desfalecer nos braços dos heróis
E agitam os seus lenços ao vento da manhã...

Só dentro de uma janela que há-de abrir-se na noite,
Uma mulher triste olha para longe sem ver
E leva o lenço aos olhos encharcados ...

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Alberto de Serpa

 
 
 

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