As liberdades essenciais são três: liberdade de cultura, liberdade
de organização social, liberdade económica.
Pela liberdade de cultura, o homem poderá desenvolver ao máximo o
seu espírito crítico e criador; ninguém lhe fechará nenhum domínio, ninguém
impedirá que transmita aos outros o que tiver aprendido ou pensado.
Pela liberdade de organização social, o homem intervém no arranjo da
sua vida em sociedade, administrando e guiando, em sistemas cada vez mais
perfeitos à medida que a sua cultura se for alargando; para o bom governante,
cada cidadão não é uma cabeça de rebanho; é como que o aluno de uma escola de
humanidade: tem de se educar para o melhor dos regimes, através dos regimes
possíveis.
Pela liberdade económica, o homem assegura o necessário para que o
seu espírito se liberte de preocupações materiais e possa dedicar-se ao que
existe de mais belo e de mais amplo; nenhum homem deve ser explorado por outro
homem; ninguém deve, pela posse dos meios de produção e de transporte, que
permitem explorar, pôr em perigo a sua liberdade de Espírito ou a liberdade de
Espírito dos outros.
No Reino Divino, na organização humana mais perfeita, não haverá
nenhuma restrição de cultura, nenhuma coacção de governo, nenhuma propriedade.
A tudo isto se poderá chegar gradualmente e pelo esforço fraterno de todos.
Agostinho
da Silva, in “Textos e
Ensaios Filosóficos”
Imagem: pintura de Clarice Lispector (Chechelnyk, Ucrânia, 1920 – Rio de Janeiro,
Brasil, 1977).
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