Gaspar Correia- Historiador português do século XVI e autor da obra Lendas da
Índia, onde se estudam os primeiros 50 anos da presença de Portugal no Oriente.
Ignoram-se as datas do nascimento e morte: quanto à primeira, os autores
colocam-na pouco antes de 1500, visto ter partido, ainda jovem, para a Índia, onde
foi secretário de Afonso de Albuquerque; e no que diz respeito à segunda,
presume-se que tenha sido mandar assassinar, em 1561, por ordem de D. Estêvão
da Gama.
Tendo passado quase toda a existência na Índia portuguesa, teve a
vantagem de conhecer os sentimentos e tradições do povo indiano e de contactar
com os governantes e nobres portugueses que viveram no Oriente.
Completando as informações colhidas com a leitura de documentos oficiais
e privados, foi-lhe possível escrever uma obra histórica em que se apresenta
como «testemunha de vista», procurando ser verídico na sua narração e
introduzindo nesta uma cor local que o impõe como um dos maiores visualistas da
nossa literatura.
Sente-se em Gaspar Correia o desejo de se manter fiel à verdade dos
factos, elogiando as acções valorosas, mas criticando também os desvios da
administração. Por vezes, a sua pena reveste-se de tons dramáticos, como na
descrição da morte de Albuquerque, a que esteve presente.
A obra de Gaspar Correia é considerada por muitos autores como a mais
valiosa da nossa historiografia ultramarina e, se nem sempre aparece citada ao
lado dos livros de Barros e Castanheda, isso deve-se ao facto de as Lendas da Índia terem ficado inéditas
até aos meados do século XIX.
Fonte: texto de Veríssimo
Serrão (Santarém, Portugal,1925), historiador português.
Imagem: Fortaleza de Diu. Construída
pelos portugueses em 1535, é considerada pelos estudiosos da arquitectura
militar como a mais importante estrutura defensiva erguida no Estado Português
da Índia.
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