segunda-feira, 14 de março de 2016

HERMANN HESSE - Degraus






Hermann Hesse (Calw, Alemanha, 1877 – Montagnola, Suiça, 1962).

Foi escritor e poeta.

O primeiro período da sua obra, formado por romances quase autobiográficos, é assinalado por requintado impressionismo de profundas raízes românticas. A nostalgia da evasão, a instabilidade e a tentação da aventura levam-no até à Índia, em 1911, onde melhor se apercebeu das contradições do mundo moderno. Pouco tempo depois viajou pra a Suíça, onde se fixou.

Em 1943, publicou O Jogo das Contas de Vidro, considerada a sua obra-prima.

Foi galardoado, em 1946, com o “Prémio Nobel de Literatura”.



Palavras de Hermann Hesse
“Ninguém pode ver nem compreender nos outros o que ele próprio não tiver vivido.”



            Degraus


Assim como as flores murcham
E a juventude cede à velhice,
Também os degraus da Vida,
A sabedoria e a virtude, a seu tempo,
Florescem e não duram eternamente.
A cada apelo da vida deve o coração
Estar pronto a despedir-se e a começar de novo,
Para, com coragem e sem lágrimas se
Dar a outras novas ligações. Em todo
O começo reside um encanto que nos
Protege e ajuda a viver
Serenos transpunhamos o espaço após espaço,
Não nos prendendo a nenhum elo, a um lar;
Sermos corrente ou parada não quer o
Espírito do mundo
Mas de degrau em degrau elevar-nos e aumentar-nos.
Apenas nos habituamos a um círculo de vida,
Íntimos, ameaça-nos o torpor;
Só aquele que está pronto a partir e parte
Se furtará à paralisia dos hábitos.
Talvez também a hora da morte
Nos lance, jovens, para novos espaços,
O apelo da Vida nunca tem fim ...
Vamos, Coração, despede-te e cura-te!



Hermann Hesse, in "O Jogo das Contas de Vidro".
Tradução: Carlos Leite




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