sábado, 5 de março de 2016

ROSALÍA DE CASTRO - Negra Sombra







Rosalía de Castro (Santiago de Compostela, Espanha, 1837 – Padrón, Espanha, 1885).

A sua poesia, expressiva e comovedora, é «dor, pessimismo, melancolia e saudade». O mar é um motivo constante e forte da sua inspiração.

Nos seus versos transcorre toda a vida do povo galego, mesclada de saudosismo, a qual gravita à volta da emigração imposta pela geografia e pelo regime de minifúndio.

A obra de Rosália de Castro é o retrato fiel da vida na Galiza.

Era muito modesta e procurava isolar-se, mostrando-se indiferente aos elogios e à aura de que se via cercada.
Antes de morrer, pediu aos filhos que queimassem os manuscritos dos seus últimos versos. Isto motivou a perda de valiosos inéditos.

Algumas das obras desta notável poetisa galega: Cantares Galegos, Folhas Novas, En las Orillas del Sal.



                                Palavras de Rosalía de Castro:
É feliz aquele que sonhando, morre. Desgraçado aquele        que morre sem sonhar.”


         Negra Sombra

Cando penso que te fuches,
Negra sombra que m’asombras,
Ó pé d’os meus cabezales
Tornas facéndome mofa.

Cando maxino que’ês ida
N’o mesmo sol te m’amostras,
Y eres a estrela que brila,
Y eres o vento que zóa.

Si cantan, ês tí que cantas,
Si choran, ês tí que choras,
Y-ês o marmurio d’o río
Y-ês a noite y ês a aurora.

En todo estás e ti ês todo,
Pra min y en min mesma moras,
Nin m’abandonarás nunca,
Sombra que sempre m’asombras.


Rosalía de Castro, in “Folhas Novas” (1880)



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