Rosalía de Castro (Santiago de Compostela, Espanha, 1837 – Padrón, Espanha, 1885).
A sua poesia, expressiva e comovedora, é «dor, pessimismo, melancolia e saudade». O mar é um motivo constante e forte da sua inspiração.
Nos seus versos transcorre toda a vida do povo galego, mesclada de saudosismo, a qual gravita à volta da emigração imposta pela geografia e pelo regime de minifúndio.
A obra de Rosália de Castro é o retrato fiel da vida na Galiza.
Era muito modesta e procurava isolar-se, mostrando-se indiferente aos elogios e à aura de que se via cercada.
Antes de morrer, pediu aos filhos que queimassem os manuscritos dos seus últimos versos. Isto motivou a perda de valiosos inéditos.
Algumas das obras desta notável poetisa galega: Cantares Galegos, Folhas Novas, En las Orillas del Sal.
Palavras de Rosalía de Castro:
“É feliz aquele que sonhando, morre. Desgraçado aquele que morre sem sonhar.”
Negra Sombra
Cando penso que te fuches,
Negra sombra que m’asombras,
Ó pé d’os meus cabezales
Tornas facéndome mofa.
Cando maxino que’ês ida
N’o mesmo sol te m’amostras,
Y eres a estrela que brila,
Y eres o vento que zóa.
Si cantan, ês tí que cantas,
Si choran, ês tí que choras,
Y-ês o marmurio d’o río
Y-ês a noite y ês a aurora.
En todo estás e ti ês todo,
Pra min y en min mesma moras,
Nin m’abandonarás nunca,
Sombra que sempre m’asombras.
Rosalía de Castro, in “Folhas Novas” (1880)
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