Alberto de Oliveira(Porto, Portugal, 1873 — São Mamede de Infesta, 1940).
Poeta e primeiro
doutrinário do tradicionalismo literário folclorista.
Fez a a sua estreia no
mundo das letras com Poesias (1891),
lançando logo a seguir um pregão de Neogarretismo anti-jacobino e
anti-nacionalista, com Palavras Loucas
e Cartas da Última Hora (1894).
Quando o simbolismo surgiu em França, Alberto de Oliveira, então estudante em
Coimbra, prontamente aderiu a esse movimento literário de reacção contra o Parnasianismo,
escrevendo:
«Como é ridícula e impotente
a ideia parnasiana no meio de tantas opulências por explorar, e como aflige a
mesquinha obra de Crespo, contando móveis e porcelanazinhas.»
Para
acrescentar mais adiante: «A vida é uma
ondulação e as palavras velhas são duras como ângulos. Como adaptar uma moldura
de ferro a um sonho? Por isso, caminhamos para a música como para uma
aspiração. (…) Nós queremos a indisciplina, a imagem desgrenhada, temos ódio à
regra, desprezamos o contorno, queremos a mancha.»
in “Dicionário da
Literatura Portuguesa”
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Palavras
de Alberto de Oliveira:
"Oh, a saudade, poeta, é uma ressurreição!"
O
Mar agita-se, como um alucinado
O
Mar agita-se, como um alucinado:
A
sua espuma aflui, baba da sua Dor...
Posto
o escafandro, com um passo cadenciado,
Desce ao fundo do Oceano algum mergulhador.
Dá-lhe
um aspecto estranho a campânula imensa:
Lembra
um bizarro Deus de algum pagode indiano:
Na
cólera do Mar, pesa a sua Indiferença
Que o torna superior, e faz mesquinho o Oceano!
E
em vão as ondas se lhe enroscam à cabeça:
Ele
desce orgulhoso, impassível, sem pressa,
Com suprema altivez, com ironias calmas:
Assim
devemos nós, Poetas, no Mundo entrar,
Sem
nos deixarmos absorver por esse Mar
— Pois a Arte é, para nós, o escafandro das Almas!
in "Bíblia do Sonho"
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