O
HOLOCAUSTO ALCANÇA A MÚSICA
Música
perante o abismo
Em 1944, os reclusos do
campo de concentração de Theresienstadt dispõem-se a encenar uma ópera, Der Kaiser von Atlantis, escrito por um
deles, Viktor Ullmann. Checo de origem judia, Ullmann é um dos artistas que,
com outros companheiros, tentam, com as suas obras e as suas actividades,
preservar quanto possível a dignidade humana e a identidade pessoal dentro do
campo e, ao mesmo tempo, expressar, mediante a arte, a esperança de
sobrevivência.
Todavia, embora a partitura esteja concluída desde 13 de Janeiro
e se iniciassem já os ensaios, as autoridades do campo proíbem a representação.
Ignoram-se os motivos do veto, mas sem dúvida tiveram muita influência as
alusões que na obra se fazem à situação política, ao nazismo, à guerra e à vida
dentro de Theresienstadt.
A 16 de Outubro, Ullmann, e com ele outros compositores
considerados «degenerados» pelos nazis, como Hans Krása e Pavel Haas, foram
mandados para o campo de extermínio de Auschwitz, onde encontraram a morte.
A partitura
da ópera sobreviveu ao seu criador, mas só em 1989 foi representada em palco.
in “Crónica da Música”
Imagem: cena da ópera Der Kaiser von Atlantis - fotografia de Christian Schneider.
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