segunda-feira, 7 de novembro de 2016

CESÁRIO VERDE - Merina




Cesário Verde (Lisboa, Portugal, 1855 – 1886).

Poeta desaparecido no apogeu da vida, e quando tanto havia ainda a esperar do seu estro insubmisso e inspirado.
Com a sua morte desaparecia aquele que mais tarde havia de ser considerado por Silva Pinto como o principal representante da poesia naturalista portuguesa.

«A natural beleza das coisas, dos seres e da luta quotidiana – eis o que Cesário Verde procurava revelar, descrevendo-nos pedaços de paisagem, debuxando perfis e tipos, desenrolando pequenos quadros banais e vivos. 

Pois embora tivesse prometido reunir, um dia, em volume, todos os seus versos dispersos, esse mesmo volume só veio a ser editado em 1887, sob o título O Livro de Cesário Verde, como obra póstuma, e dado a público pelo escritor Silva Pinto.



In “Literatura Portuguesa”
                       

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Palavras de Cesário Verde:

“Curo-me? Sim, talvez. Mas como fico eu? Um cangalho, um canastrão, um grande cesto roto; entra-me o vento, entra-me a chuva no corpo escangalhado.” 



                   Merina

Rosto comprido, airoso, angelical, macia,
Por vezes, a alemã que eu sigo e que me agrada,
Mais alva que o luar de Inverno que me esfria,
Nas ruas a que o gás dá noites de balada;

Sob os abafos bons que o norte escolheria,
Com seu passinho curto e em suas lãs forrada,
Recorda-me a elegância, a graça, a galhardia
De uma ovelhinha branca, ingénua e delicada. 

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