Cesário Verde (Lisboa,
Portugal, 1855 – 1886).
Poeta desaparecido no apogeu da vida, e
quando tanto havia ainda a esperar do seu estro insubmisso e inspirado.
Com
a sua morte desaparecia aquele que mais tarde havia de ser considerado por
Silva Pinto como o principal representante da poesia naturalista portuguesa.
«A
natural beleza das coisas, dos seres e da luta quotidiana – eis o que Cesário
Verde procurava revelar, descrevendo-nos pedaços de paisagem, debuxando perfis
e tipos, desenrolando pequenos quadros banais e vivos.
Pois
embora tivesse prometido reunir, um dia, em volume, todos os seus versos
dispersos, esse mesmo volume só veio a ser editado em 1887, sob o título O Livro de Cesário Verde, como obra
póstuma, e dado a público pelo escritor Silva Pinto.
In
“Literatura Portuguesa”
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Palavras de Cesário Verde:
“Curo-me?
Sim, talvez. Mas como fico eu? Um cangalho, um canastrão, um grande cesto roto;
entra-me o vento, entra-me a chuva no corpo escangalhado.”
Merina
Rosto comprido, airoso, angelical, macia,
Por vezes, a alemã que eu sigo e que me
agrada,
Mais alva que o luar de Inverno que me
esfria,
Nas
ruas a que o gás dá noites de balada;
Sob os abafos bons que o norte escolheria,
Com seu passinho curto e em suas lãs
forrada,
Recorda-me a elegância, a graça, a
galhardia
De
uma ovelhinha branca, ingénua e delicada.
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