quinta-feira, 8 de junho de 2017

O RISO

 
 
 
 
O RISO

Um monge vivera os últimos anos da sua velhice na mais absoluta paz. Encontrava-se no seu leito, agonizante, e os seus colegas do mosteiro choravam à sua volta. De repente, o monge lançou três sonoras gargalhadas.

- Irmão – sussurraram os monges -, como se pode rir se nós estamos a chorar?

- A primeira gargalhada foi pelo vosso medo da morte; a segunda porque não estão preparados para enfrentá-la; e a terceira porque eu passo da fadiga ao descanso e vocês, em vez de se alegrarem, andam para aí a choramingar.

Dito isto, fechou os olhos aprazivelmente e expirou.

 

A morte faz parte da vida. Uma e outra correspondem-se e complementam-se. Não é fácil relacionarmo-nos com a morte e, menos ainda, afrontá-la com equanimidade. Mas a morte pode encarar-se como conselheira e pode ajudar-nos a superar a nossa petulância, os apegos tolos e as mesquinhices.


in “Os Melhores Contos Espirituais do Oriente” – RAMIRO CALLE (Madrid, Espanha, 1943), escritor e mestre de yoga.

Imagem: pintura de Shitao (China, 1642 – 1707)

 


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