TEÓCRITO
(Siracusa, Itália, 315 a.C.-250 a.C.)
Poeta
Teócrito,
o maior dos poetas helenísticos e o último grande poeta grego, era
contemporâneo de Calímaco (315 a.C. – 244 a.C.) e também viveu algum tempo em
Alexandria. Praticamente tudo que sabemos a seu respeito baseia-se em sua
própria obra.
A
julgar por alguns dos seus poemas, deve ter conhecido várias regiões da Magna
Grécia. Viveu algum tempo na ilha de Cós, onde aparentemente tinha laços
familiares. Esteve também no Egipto.
Os
principais poemas de Teócrito são conhecidos colectivamente por idílios (pequenos
poema) devido à sua pequena extensão - de 100 a 200 versos, às vezes menos.
Chegaram até nós cerca de trinta idílios, alguns epigramas e um poema figurado,
A Flauta.
Os
idílios podem ser reunidos em três grupos: idílios pastorais ou bucólicos;
mimos dramáticos e líricos e pequenos poemas em versos épicos.
Os
versos de Teócrito mostram preocupação com a forma, mas sem a pedante erudição
alexandrina. O vocabulário é simples, as numerosas comparações e os diálogos
são curtos e naturais; nos idílios bucólicos, inclusive, está presente o
dialecto dórico, utilizado pelos pastores sicilianos. Predomina o verso
hexâmetro.
Teócrito
buscou, certamente, inspiração em formas e gêneros literários mais antigos, mas
conseguiu moldá-los em um novo gênero literário. Pela primeira vez, portanto,
personagens humildes e de baixo nível social foram retratados em hexâmetros,
antes reservados aos aristocráticos
heróis homéricos.
in
“Graecia Antiqua, São Carlos”
* * *
AS
FEITICEIRAS (início do poema)
Traze-me
os filtros, anda! E as folhas de loureiro.
Envolve-me
essa taça em lã avermelhada,
a
ver se encanto assim o cruel estrangeiro
que
há doze dias já me deixa abandonada…
Ave, traze até mim o jovem
meu amado.
Vou
queimar lentamente este ramo de louro:
vede
como crepita! Ei-lo já todo em brasa…
Assim
fique também aquele por quem morro!
E
que eu o veja ardendo, aqui, em minha casa!
Ave, traze até mim o jovem meu amado.
Derreter
esta cera? Assim me ajude a lua,
para
que se derreta a sua própria alma!
Ou
que eu o veja então rondar a mina rua,
como
nas minhas mãos esta onda não pára!
Ave, traze até mim o jovem meu amado.
Já
o mar se calou; já o vento caiu…
Mas
a dor, no meu peito, é que nunca se cala.
Que
foi que se passou? Sei que tudo perdi,
e
que sou, para ele, ainda menos que nada.
Ave, traze até mim o jovem
meu amado.
Tradução:
David Mourão-Ferreira
Sem comentários:
Enviar um comentário