JOÃO VILLARET
(Lisboa, Portugal, 1913 - 1961)
Actor,
encenador, declamador
***
Festa do Itamarati, na
qual João Villaret foi condecorado pelo Governo Brasileiro com as insígnias do
oficialato do “Cruzeiro do Sul”, em 27 de Julho de 1957.
A este propósito
transcrevo as seguintes palavras de Villaret:
“Vou-lhes contar uma
história minha passada no Brasil para mostrar o que é a mentalidade, o que é a
simplicidade, o que é a graça brasileira. Na minha última estada no Brasil em
1957 – vou lá desde 1939 – foi-me conferida, pelo Governo da Nação Brasileira,
o Oficialato do Cruzeiro do Sul.
Eu recebi uma carta protocolar pedindo para
passar no Ministério dos Negócios Estrangeiros, para receber essa condecoração.
E fui. Alguns amigos meus quiseram fazer o favor de me acompanhar. Muitos
portugueses, muitos brasileiros e eu senti-me muito rodeado nessa altura tão
expressiva para mim.
Quando lá cheguei, o
Ministro dos Estrangeiros que era então o Dr. Macedo Soares, recebeu-me com
toda a sua amabilidade e na sala onde me ia ser dada a condecoração, mandou
chamar todos os funcionários do Hitamarati para assistirem ao acto, o que
profundamente me sensibilizou.
Indaguei do protocolo – eu nunca sei muitas
coisas de protocolo, devo dizer, nem de coisas oficiais, nem burocráticas – mas
perguntei como é que devia agradecer.
Disseram-me que no final
eu me dirigisse ao Ministro e fizesse o meu agradecimento. Assim se passou e no
final, quando ia agradecer dizendo: Senhor Ministro, eu quero agradecer a
V.Exª… ele volta-se para mim, e com a maior das simplicidades, diz-me assim:
João Villaret, não agradeça, recite, para nós ouvirmos. Foi recitando três
poemas que eu agradeci a condecoração que o Governo Brasileiro me dava: o
primeiro, Camões, o segundo, Manuel Bandeira e o terceiro Olavo Bilac.
1º - Aquela triste e leda madrugada…
2º - Irene Boa
3º - Soneto: Aos meus amigos.”
in
“João Villaret – Sua Vida… Sua Arte…
Autor: Mário Baptista Pereira
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