PEDRO DA SILVEIRA
(Fajã Grande, Açores,
Portugal, 1922 — Lisboa, 2003)
Poeta,
tradutor, investigador
***
Publicou artigos de
crítica literária e vários trabalhos de investigação, sobretudo recolhas do
folclore açoriano.
***
Em Macau à procura
de Camilo Pessanha
Onde foi a casa do poeta
agora é um pátio de escola em que brincam crianças
e tem à frente um baloiço
e lá atrás duas
árvores.
Na esquina da rua com o seu nome
um mendigo serrazina a sua viola
e o som alonga-se chorado,
chora e perde-se devagar
nas outras ruas que levam
à travessa do Pagode,
à porta da loja onde ainda o espera
o amigo antiquário Ah-Men.
Já ninguém sabe o destino
do cachimbo com que inventava
paraísos e princesas
ou sereias, com seus cantos,
músicas e campos de liliáceas,
cores de mil maravilhas
ao mundo que bem sabia
que era mais o daquele
mendigo
aquela esquina para a Sam Má-lô
e a sua viola chorando
pela moeda de meia pataca
que eu também me esqueci de deitar
na tigela que tinha
ao lado.
Sem comentários:
Enviar um comentário