MANUEL MARIA BARBOSA DU BOCAGE
(Setúbal, Portugal, 1765 – Lisboa, 1805)
Poeta
***
Autobiografia
De
cerúleo gabão não bem coberto,
passeia
em Santarém chuchado moço,
mantido,
às vezes, de sucinto almoço,
de ceia casual, jantar incerto;
dos
esbrugados peitos quase aberto,
versos
impinge por miúde e grosso;
e
do que em frase vil chamam caroço,
se o que, é vox clamantis in deserto;
pede
às moças ternura, e dão-lhe motes;
que,
tendo um coração como estalage,
vão nele acomodando a mil peixotes.
Sabes,
leitor, quem sofre tanto ultraje,
cercado
de um tropel de franchinotes?
– É o autor do soneto: – é o Bocage.
Poeta tão enorme quanto ignorado,esquecido melhor dizendo num canto qualquer de um armário no vasto salão dos que povoam a arte da rima,de prosa e do soneto
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