JANET
FRAME
(Nova
Zelândia, 1924 – 2004)
Poetisa,
romancista
***
O PALHAÇO
A sua cara está manchada por lágrimas
maquilhadas.
Eu e os outros aplaudimo-lo, sabendo
que
é de bom tom aprovar quando um palhaço chora
e
de mau tom quando o faz uma cara
persistentemente
dorida sejam ou não
pintadas as suas lágrimas.
Também
é de bom tom, entre guerras,
dizer
que o ódio é amor e o amor é ódio,
argumentar
que tudo é mais complexo do que sonhámos
e
depois dizer que não o sonhámos
sempre o soubemos e somos
sensatos.
Caro
palhaço choroso caro velho infantil
caro
assassino gentil caro e inocente culpado
cara
simplicidade odeio-vos por causarem que eu finja
que
há vários mundos para uma verdade quando
eu
sei, eu sei que não há.
Pessoas como eu e vocês, meus caros,
Pessoas como eu e vocês, meus caros,
que
têm mau hálito, que adormecem e de intestinos
ruidosos
que controlam a fé
que
chegam à casa vazia ou entre a família,
cara família, caro homem
solitário no mundo despedaçado de ninguém,
será
para essa desolação que acumulámos palavras durante tantos
milhões
de anos, desde o primeiro, gememos
e olhamos para as
estrelas. Oh oh o céu é demasiado amplo para dormir debaixo!
Tradução: José Alberto Oliveira
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