ANTERO DE QUENTAL
(Ponta Delgada, Açores, Portugal, 1842 -1891)
Escritor e poeta
***
MÃE...
Mãe
- que adormente este viver dorido,
E
me vele esta noite de tal frio,
E
com as mãos piedosas ate o fio
Do meu pobre existir, meio partido...
Que
me leve consigo, adormecido,
Ao
passar pelo sítio mais sombrio...
Me
banhe e lave a alma lá no rio
Da clara luz do seu olhar querido...
Eu
dava o meu orgulho de homem — dava
Minha
estéril ciência, sem receio,
E em débil criancinha me tornava.
Descuidada,
feliz, dócil também,
Se
eu pudesse dormir sobre o teu seio,
Se tu fosses, querida, a minha mãe!
Sem comentários:
Enviar um comentário