segunda-feira, 2 de julho de 2018

ANTERO DE QUENTAL - MÃE...


ANTERO DE QUENTAL 
(Ponta Delgada, Açores, Portugal, 1842 -1891)
Escritor e poeta
 ***
MÃE...

Mãe - que adormente este viver dorido,
E me vele esta noite de tal frio,
E com as mãos piedosas ate o fio
Do meu pobre existir, meio partido...

Que me leve consigo, adormecido,
Ao passar pelo sítio mais sombrio...
Me banhe e lave a alma lá no rio
Da clara luz do seu olhar querido...

Eu dava o meu orgulho de homem — dava
Minha estéril ciência, sem receio,
E em débil criancinha me tornava.

Descuidada, feliz, dócil também,
Se eu pudesse dormir sobre o teu seio,
Se tu fosses, querida, a minha mãe!



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