sexta-feira, 13 de julho de 2018

ANTÓNIO CABRAL – A Solidão



ANTÓNIO CABRAL
(Castedo do Douro, Portugal, 1931 - Vila Real, 2007)
Escritor, poeta, dramaturgo, etnógrafo

***
Iniciou a actividade literária aos 19 anos com a publicação do livro de poesia Sonhos do meu anjo
Ao longo de 56 anos de carreira dedicada à escrita, publicou mais de 50 livros em nome próprio, abraçando géneros tão diversos como a poesia, o teatro, a ficção e o ensaio, e dedicando-se em paralelo ao estudo apurado e divulgação das tradições populares portuguesas. As suas raízes transmontano-durienses e a ligação à terra que o viu nascer, “paraíso do vinho e do suor”, são presença incontornável em toda a sua obra.


in”António Cabral” (site)

***

A Solidão 
(O Isolamento da Condição Humana)

Quando voltares, põe na tua voz
aquela flor azul que te ofereci.
Talvez, assim, eu julgue reencontrar-te
e os olhos se encham, outra vez.
Ainda tens no gesto aquele susto
que se enrolava todo nos meus dedos
e punha à nossa volta
um colar de silêncios ardendo?
Tudo mudou, bem sei. Naquela tília
o Outono já começou;
e nas tuas palavras
algumas folhas devem ter caído.
Mas, se voltares, põe a flor azul,
põe o passado no gesto e na voz.
Talvez, assim, eu julgue reencontrar-te
e os olhos se encham. É tão fácil!



Imagem: fotografia – Escritos do Douro

Sem comentários:

Enviar um comentário

MALMEQUER

MALMEQUER Português, ó malmequer Em que terra foste semeado? Português, ó malmequer Cada vez andas mais desfolhado Ma...