AMÉLIA REY COLAÇO
(Lisboa, Portugal, 1898 - 1990)
Encenadora, actriz, empresária teatral
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Amélia
Rey Colaço
Descendente
de aristocratas e artistas (o pai era o compositor Alexandre Rey Colaço,
professor dos príncipes, a avó, a célebre Madame Reinhardt, com salão literário
e musical em Berlim), Amélia beneficiou, desde criança, de uma formação
invulgarmente aprofundada e requintada.
A
concepção que ela tinha do que devia ser uma companhia nacional resultou em
pleno. Actuando em vários planos, estrutura, primeiro, uma equipa coesa e
disciplinada, metódica e exigente; a seguir, joga na dignificação social do
actor, conquistando para ele um estatuto inovador no nosso meio; ao mesmo
tempo, organiza um reportório ambicioso, alternando contemporâneos com
clássicos, estrangeiros com portugueses. Abre (e nisso foi única) as portas à
dramaturgia interna, fomentando-a, recompensando-a como ninguém mais conseguiu
depois dela.
O
incentivo dado aos autores nacionais fê-los conhecer, contra a Censura e o
dirigismo cultural, uma época de oiro. José Régio, Luís Francisco Rebelo,
Bernardo Santareno, Romeu Correia, Miguel Franco são alguns dos que, então, se
afirmaram.
«Nesse
período admirável de ressurgimento da nossa dramaturgia são levadas à cena 116
peças portuguesas, 63 em estreia absoluta», anota Vítor Pavão dos Santos, para quem
a Companhia Amélia Rey Colaço/Robles Monteiro «é a espinha dorsal do teatro português
do século XX».
Com
ousadia revela, por outro lado, o que de mais avançado surge no mundo: Jean Cocteau,
Jean Anouih, Lorca, Valle Ínclan, Alejandro Casona, O´Neill, Tennessee Williams,
Arthur Miller. Pirandelo, Eduardo De Filippo, Diego Fabri, Max Frisch, Ionesco,
Durrenmatt, Albee, Pinter, Pirandelo.
Apaixonada
por Brecht, pede ao ministro da Educação (entidade que tutelava o Teatro Nacional)
uma audiência. Ao entrar no seu gabinete, o governante diz-lhe: «Se vem cá pedir
para eu autorizar esses comunistas de que gosta, o Brecht, o Camus, o Sartre, pode
ir-se embora.»
Amélia
pára e diz: «Então boa tarde!»
Dá
meia volta.
in
“Os Mal-Amados” - FERNANDO DACOSTA (Caxito, Angola, 1945), romancista,
dramaturgo, jornalista.