segunda-feira, 13 de abril de 2020

ANTÓNIO SÉRGIO SOBRE PADRE ANTÓNIO VIEIRA



ANTÓNIO SÉRGIO
(Damão, Índia, 1883 — Lisboa, Portugal, 1969)
Filósofo, pedagogo

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ANTÓNIO SÉRGIO  SOBRE PADRE ANTÓNIO VIEIRA


Ao primeiro relanço, o que parece que avulta na sua pessoa e obra é o pulular activismo de uma fantasia ubérrima: inventiva plástica, primacialmente imagética… Aliás a pujança da fantasia é condição primária para que se atinjam proezas de excepcional valia em qualquer dos ramos da actividade humana: na arte ou na ciência, na política ou na guerra, na economia ou na mística. 

Liga-se naturalmente a esse fantasiar riquíssimo o quimerismo ou visionarismo de que o acusaram tanto; pergunto-me, todavia, se do que tracejava era visionário em si, absolutamente falando, ou se só era utópico, transviado e imprático em relação aos dotes de conceber e de agir do comum dos governantes daquela época… Por outra banda, muito do que em Vieira se tem atribuído à vaidade era acaso o anseio de uma acção vasta e fecunda, imperiosa num espírito tão fervoroso e tão fértil, com a vocação irresistível que vem ligada ao que é Génio… 

Entre os homens eminentes do nosso rincão lusitano, foi este Hércules do Verbo uma das mais claras vítimas (e a maior, porventura) da época e do país em que o destino os lançou.




Prefácio, in “Padre António Vieira, Obras Escolhidas” (excerto)






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