ANTÓNIO SÉRGIO
(Damão,
Índia, 1883 — Lisboa, Portugal, 1969)
Filósofo,
pedagogo
***
ANTÓNIO SÉRGIO SOBRE PADRE ANTÓNIO VIEIRA
Ao primeiro relanço, o que parece que avulta na sua pessoa e obra é o
pulular activismo de uma fantasia ubérrima: inventiva plástica, primacialmente
imagética… Aliás a pujança da fantasia é condição primária para que se atinjam
proezas de excepcional valia em qualquer dos ramos da actividade humana: na arte
ou na ciência, na política ou na guerra, na economia ou na mística.
Liga-se naturalmente
a esse fantasiar riquíssimo o quimerismo ou visionarismo de que o acusaram tanto;
pergunto-me, todavia, se do que tracejava era visionário em si, absolutamente falando,
ou se só era utópico, transviado e imprático em relação aos dotes de conceber e
de agir do comum dos governantes daquela época… Por outra banda, muito do que em
Vieira se tem atribuído à vaidade era acaso o anseio de uma acção vasta e fecunda,
imperiosa num espírito tão fervoroso e tão fértil, com a vocação irresistível que
vem ligada ao que é Génio…
Entre os homens eminentes do nosso rincão lusitano, foi
este Hércules do Verbo uma das mais claras vítimas (e a maior, porventura) da época
e do país em que o destino os lançou.
Prefácio, in “Padre António Vieira, Obras
Escolhidas” (excerto)
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